02 fevereiro, 2008

Olhar sobre o Mundo Islâmico Contemporâneo - Fundamentalistas

Fundamentalistas

Podem também ser designados por puritanos do Islão, e derivam de um movimento de conservadorismo envolvendo um esforço para fazer os muçulmanos regressar ao caminho da ortodoxia do Islão, travando assim uma luta em prol dos fundamentos da sua fé.
O conceito de fundamentalismo é amplo e não se cinge unicamente à religião muçulmana, manifestando-se igualmente na religião cristã, hindu ou judaica, embora com contornos porventura diferentes.


Algumas Personalidades Proeminentes
Muhammad Bin Abd Al-Wahhab (1703-1792)


Foi um muçulmano puritano e como qadhi, ou juiz/magistrado, juntamente com Muhammad Bin-Saud, um chefe local, criou uma nova entidade política na Arábia Central, a actual Arábia Saudita. Em 1774 tornou o Wahhabismo a religião oficial do Estado da Arábia Saudita, doutrina que perdura até aos nossos tempos. Os wahhabitas são acérrimos defensores do Islão puro e da aplicação literal da shari`a em todas as esferas da vida social, defendem a Jihad contra os infiéis (não-muçulmanos e “muçulmanos corrompidos”), entre outros aspectos.


O Wahhabismo é então um movimento baseado em Al-Wahhab e nos seus discípulos, acabando por produzir um forte sentimento de islamização nas sociedades muçulmanas.
Esta corrente acabou por se estender à África Ocidental, às facções militantes anti-ocidentais e coloniais.


Sayyd Abdu`l-A`La Mawdudi ( 1903-1979)


Através da sua ideologia Mawdudi, indiano de nascença, considerado um ideólogo do islamismo, pôde influenciar muitos muçulmanos de Marrocos às Filipinas. No entanto, foi na Ásia Meridional que a sua influência foi mais evidente, dado que a organização que fundou em 1941, a Jama´at-i-Islami (o Partido Islâmico) abraçou a sua ideologia e pode ser considerado o arquétipo dos actuais partidos islamistas. Esta organização tem vindo, nas últimas décadas, a exercer influência em sociedades como a República Islâmica do Paquistão (esta ideologia ajudou na transformação deste país num Estado Islâmico), Índia, Sri-Lanka e ainda nas comunidades Sul Asiáticas, Ocidentais e do Golfo Pérsico.


Mawdudi interpretou o Islão como uma ideologia sistémica, semelhante à ideologia Ocidental. As expressões “Estado Islâmico” ou “Ideologia Islâmica” foram utilizadas por este doutrinador de forma a demonstrar às elites intelectuais islâmicas que o Islão seria uma força sociopolítica em substituição do socialismo, e em directa oposição ao capitalismo. Procurou demonstrar que o Estado Islâmico seria uma entidade viável superior a qualquer entidade Ocidental ou Socialista (época de divisão bipolar do mundo, capitalismo vs socialismo).
Era favorável à ideia de que a islamização deveria começar pela sociedade e só depois se procederia à criação de um Estado Islâmico, desencorajando entretanto o uso da violência na exportação da causa islâmica. Daí a as suas afirmações de que o Estado Islâmico ideal seria um “Califado Democrático”.


Pode-se concluir que para Mawdudi a educação constituía a alavanca primária para o activismo islâmico.

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